terça-feira, 2 de maio de 2017

História de Sri Sarada Devi - Mulheres Espiritualizadas (yogini)

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Carinhosamente chamada de "Santa Mãe", Sri Sarada Devi (1853-1920) foi a esposa e companheira espiritual de Sri Ramakrishna. De acordo com os costumes vigentes na Índia daquela época, foi-lhe prometida em casamento quando tinha apenas 5 anos de idade e ele, 23.

Mais tarde, ocorreram dois encontros significativos com Sri Ramakrishna: o primeiro aos 13 anos e o segundo aos 14 anos, quando teve a oportunidade de conviver com ele, por um breve período, e receber seus primeiros ensinamentos.
Aos 18 anos, quando ainda vivia com seus pais em Jayrambati, começou a ouvir rumores de que seu marido havia enlouquecido. Sentiu que seu dever de esposa, nesse momento, era o de ir ao seu encontro e oferecer-lhe o seu apoio.
Nessa época, Ramakrishna já estava totalmente dedicado às suas práticas espirituais, levando uma vida de monge celibatário. Foi nessa condição, e com toda a gentileza, que recebeu sua jovem esposa, que se sentiu aliviada ao concluir que ele se encontrava em perfeita saúde, tanto física como mental.
Algum tempo depois, Ramakrishna lhe perguntou o que ela esperava dele como marido. Ela respondeu que viera para acompanhá-lo e servi-lo em sua caminhada espiritual. Desta forma, em vez de buscar a consumação conjugal, ela tornou-se sua primeira discípula.
Sarada Devi, mesmo com sua maneira simples e despretensiosa, tinha sua própria grandeza espiritual. Serviu a Ramakrishna e a seus discípulos durante muitos anos. Após a morte de Ramakrishna, ela deu continuidade a seu ministério espiritual, servindo de guia e inspiração para a ordem monástica que então se iniciava.
Ela foi um modelo único de discípulo ideal, monja, esposa e mestra. Para seus incontáveis filhos espirituais foi mãe amorosa. Todos aqueles que tiveram contato com ela ficaram profundamente tocados por seu amor incondicional e trabalho altruísta. Todos eram seus filhos, independente de nacionalidade, filiação religiosa ou posição social. Ninguém, jamais, foi rejeitado. Ela acolheu a todos, sempre, sem distinção.


Sri Ramakrishna considerava Sarada Devi como uma manifestação especial da Divina Mãe do universo. Em 1872, na noite do Phala-harini-Kali-puja, ele cultuou Sarada Devi como a Mãe Divina num ritual especial, e assim despertou a Maternidade universal que jazia oculta em seu interior. Quando os discípulos começaram a se reunir ao redor de Sri Ramakrishna, Sarada Devi aprendeu a considerá-los como seus próprios filhos. O quarto no qual ela vivia em Dakshineshwar era muito pequeno para ser habitado além de inóspito; e por muitos dias ela não encontrava oportunidade de se reunir com Sri Ramakrishna. Mas suportava todas as dificuldades silenciosamente e vivia em paz e contentamento enquanto servia um número crescente de devotos que vinham para ver Sri Ramakrishna.


Depois do falecimento de Sri Ramakrishna em 1886, Sarada Devi levou alguns meses em peregrinação, e então foi para Kamarpukur onde viveu em grande privação. Ao tomarem conhecimento de sua triste condição, os discípulos de Sri Ramakrishna a trouxeram para Calcutá. Este foi um marco decisivo em sua vida. Ela passou agora a aceitar aspirantes espirituais como seus discípulos, e se tornou o portal aberto à imortalidade para centenas de pessoas. Seu grande coração materno, dotado de amor e compaixão sem limites, abraçou a todas as pessoas sem qualquer distinção, incluindo muitos que haviam levado vidas degradantes.
Quando as discípulas ocidentais de Swami Vivekananda vieram a Calcutá, a Santa Mãe as recebeu de braços abertos como suas próprias filhas, ignorando as restrições da sociedade ortodoxa daqueles dias. Embora tivesse crescido em uma sociedade rural conservadora, sem qualquer acesso à educação moderna, ela sustentava um ponto de vista progressivo, e apoiou irrestritamente Swami Vivekananda em seus planos de rejuvenescimento da Índia e de apoio ao povo e às mulheres. Dava especial atenção à escola para meninas fundada pela Irmã Nivedita.
Passou parte de sua vida em Calcutá e parte em sua aldeia natal Jayrambati. Durante os anos de permanência em Calcutá, suas necessidades foram atendidas pelo Swami Yogananda, um discípulo de Sri Ramakrishna. Nos anos posteriores suas necessidades dela foram atendidas por outro discípulo de Sri Ramakrishna, Swami Saradananda que construiu-lhe uma nova casa em Calcutá.


Sri Ramakrishna deixou este mundo em 1886. Sarada Devi tinha então trinta e três anos. Tendo vivido num plano não físico de relacionamento com seu marido, ela não experimentou o sentimento de viuvez quando da morte deste. Para ela, ele continuou a ser uma realidade vivente até o final dos seus dias. E pelos trinta e quatro anos seguintes, ela viveu uma vida complexa em seus papéis e variada em sua riqueza, doce e silenciosa, que ganhou para si o carinhoso título de 'Sri Ma', 'a Santa Mãe', pelo qual ela passou a ser conhecida.
Foi convidada a ser a guia espiritual dos monges da Ordem Ramakrishna, constituída inicialmente pelos discípulos diretos de Sri Ramakrishna sob a liderança do Swami Vivekananda; e a ser guru de um crescente círculo de homens e mulheres famintos de espiritualidade. Sua eminência espiritual e o poder divino da sua personalidade capacitaram-na a desempenhar este significativo papel com facilidade e naturalidade.


Mas foi no papel de uma mulher do lar, no seio do seu próprio círculo familiar constituído por seus irmãos de sangue, cunhadas, e sobrinhos, em meio a uma série de problemas criados por estes, que a santa mãe manifestou uma faceta exclusiva do seu caráter e personalidade. É este aspecto da sua personalidade que provê um magnífico exemplo de espiritualidade prática capaz de inspirar a todos os homens e mulheres. A monja brilhou através da dona de casa, e ambas brilharam através do coração de uma mãe amantíssima. Longe de se esquivar de um mundo de distrações, ela o abraçou, envolvendo-o em seu amor. E no meio de milhares de distúrbios, ela preservou a naturalidade e a paz da sua personalidade.


Nos relatos históricos vigentes nunca houve outra mulher que visse a si mesma como a Mãe de todos os seres, inclusive dos animais e dos pássaros, e que tenha dedicado sua vida inteira para servi-los como seus próprios filhos, com inesgotável espírito de sacrifício e abnegação. Sobre o seu papel na missão de Sri Ramakrishna, declarou: "Meu filho, você sabe que o Mestre tinha uma atitude maternal para com todos. Ele me deixou aqui para manifestar aquela Maternidade Divina no mundo".

Verificação é prova de uma teoria ou de uma afirmação. Somente o teste da vida demonstra a genuinidade de uma virtude moral ou de um valor espiritual; virtudes são melhor examinadas no infortúnio que na boa sorte. É bastante fácil manter-se a postura e a elegância nos bons tempos; mas é somente no mau tempo que comprovamos a sua genuinidade. A tranqüilidade, postura, elegância, e o espírito de amor incondicional e serviço impessoal, que Sarada Devi expressou em sua vida diária no contexto de um ambiente altamente perturbador de total materialidade, a possessão deste poder por um homem ou uma mulher os torna puros e santos. A expressão deste poder na vida é amor. Sarada Devi foi a verdadeira personificação desta pureza, santidade, e amor que é o significado do ideal de maternidade em sua melhor e mais elevada acepção. Sua pureza está incorporada no coração de cada mulher. Uma mulher comum apreende em sua vida somente uma fração deste ideal pelo qual ela resplandece em terna amabilidade e santidade. Uma função meramente biológica se torna elevada graças ao insuflo de um valor espiritual. Mas este valor espiritual resplandeceu em sua plenitude, ainda que fora do contexto biológico, na personalidade da Santa Mãe, demonstrando por isso o ideal em sua forma simples. Fora a abundância do seu coração, ela deu seu amor a todos sem qualquer distinção, justificando assim o carinhoso epíteto de ‘Santa Mãe'.


Swami Vivekananda considerava Sri Sarada Devi como o ideal para as mulheres da modernidade devido à sua imaculada pureza, extraordinária paciência, serviço abnegado, amor incondicional, sabedoria e iluminação espiritual. Ele acreditava que com o advento da Santa Mãe, havia começado o despertar espiritual das mulheres nos tempos modernos.

 Namastê, Gratidão.

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